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O IMPACTO DA CONDUTA TERAPÊUTICA ADEQUADA NO TRATAMENTO DA DENGUE E NA PREVENÇÃO DE AGRAVOS

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A Dengue é uma arbovirose que dá origem a uma doença infecciosa e é transmitida por mosquitos fêmeas da espécie de Aedes aegypti e Aedes albopictus. O arbovírus constitui o maior grupo conhecido de vírus, apresenta RNA como genoma e é mantido na natureza por meio de transmissão entre hospedeiros vertebrados e artrópodes hematófagos como os Aedes. O vírus da dengue pertence ao gênero Flavivirus e a família Flaviviridae, apresenta quatro sorotipos denominados DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, todos presentes no Brasil. A transmissão ocorre principalmente em áreas temperadas e tropicais geralmente no verão, durante ou após períodos chuvosos, sendo influenciada pela urbanização rápida e não planejada. A doença possui um variado espectro clínico, indo desde manifestações brandas até episódios hemorrágicos, se configurando como um grande problema de saúde pública (Furtado et al.,2019).

As arboviroses ocasionam um grande impacto na saúde pública, assim, ressalta-se a importância do saneamento básico como método profilático e de controle da urbanização vetorial do agente etiológico. O Aedes aegypti habita preferencialmente em áreas urbanas e próximo ao homens, em contrapartida, o Aedes albopictus habita ambientes com vegetação robusta como parques e matas, isso faz com que o último seja considerado um transmissor secundário. Os arbovírus acentuam-se nos tecidos dos organismos dos artrópodes, que se tornam vetores após sugarem sangue de hospedeiros contaminados, se tornado aptos a disseminar a doença depois de 8 a 12 dias de incubação (BARROS et al.,2021). A irregularidade dos serviços de saneamento básico e a deficiência de conhecimentos e pesquisas sobre a doença e a erradicação do vetor, levam ao aumento dos casos de dengue nos centros urbanos visto que o combate ao mosquito é, de fato, a melhor forma de profilaxia e erradicação  (MANSSO et al.,2022).

Após atingir a corrente sanguínea o vírus atinge órgãos como baço, fígado e tecidos linfáticos e se multiplica durante o período de incubação que dura cerca de 4 a 7 dias. Após isso, o vírus volta para a corrente sanguínea e os primeiros sintomas se manifestam. Ele  replica-se também em células sanguíneas e alcança a medula óssea, causando trombocitopenia. Além disso, ocorre agressão ao endotélio vascular provocando perda de plasma, o que pode levar a quadros hemorrágicos, de hipoperfusão e de deficiência respiratória aguda causada pelo aumento da viscosidade sanguínea (FURTADO et al.,2019). Visto a possibilidade da existência de processos hemorrágicos, o tratamento da dengue deve ser feito com cautela já que alguns medicamentos como Anti-inflamatórios não esteroidais, antiplaquetários e anticoagulantes podem contribuir para o agravamento do quadro.

A manifestação clínica da dengue varia desde infecções assintomáticas, oligossintomáticas e sintomáticas, que são divididas em dois grupos: Dengue clássica e os quadros graves que se subdivide em Dengue com complicações, Febre hemorrágica da dengue e a Síndrome de choque da Dengue. Na dengue hemorrágica, a principal manifestação não é a hemorragia e, sim, a alteração da permeabilidade vascular gerada por interleucinas e mediadores químicos produzidos por células inflamatórias. Essa situação resulta em hemoconcentração pela saída do plasma para os tecidos, podendo evoluir para o choque hipovolêmico não hemorrágico. A queda na contagem de plaquetas se insere como uma forte característica dessa manifestação clínica, e as hemorragias, quando ocorrem, acometem principalmente a pele, tecidos subcutâneos e o trato gastrintestinal, o que reforça a importância do diagnóstico clínico-laboratorial e da conduta terapêutica corretos e em tempo certo. Sendo assim, alguns sinais de alarme como dor abdominal intensa, êmese persistente, acúmulo de líquidos, sangramento de mucosas, aumento progressivo do hematócrito, plaquetopenia, sede excessiva e desorientação devem ser monitorados a fim de prevenir eventuais complicações (FURTADO et al.,2019). A classificação adequada do estágio da dengue é precisa, pois condutas terapêuticas diferentes devem ser respeitadas com acompanhamentos que intercalam entre uma avaliação laboratorial ao leito de terapia intensiva e exames sorológicos e complementares específicos para cada caso. Algumas condutas, como a hidratação imediata, são comuns nas diversas manifestações da dengue (BARROS et al.,2021)

 

Não existe tratamento específico contra o vírus dessa doença, faz-se apenas o tratamento com hidratação e medicação sintomática, sendo que em alguns casos e reposição volêmica pode ser feita por via endovenosa e em ambientes de terapia intensiva. Pacientes com suspeita ou já diagnosticados com dengue devem evitar o uso de AINEs como o ácido acetilsalicílico, diclofenaco, ibuprofeno, cetoprofeno, piroxicam e nimesulida, antiplaquetários como o clopidogrel e anticoagulantes como a varfarina pois estes fármacos aumentam o risco de sangramento (FURTADO et al.,2019). As diretrizes da Organização Mundial da Saúde não recomendam o uso de corticosteróides no manejo da dengue devido a falta de estudos conclusivos e a ausência de benefícios comprovados. Nesse viés, embora não haja consenso geral a respeito do tratamento da dengue e exista deficiência de informações e recursos, existem alguns medicamentos e medidas utilizadas para tratar a sintomatologia dos pacientes. Porém, o tratamento guiado pelo diagnóstico e classificação correta e o combate ao vetor se configura como medidas ideais visto que as vacinas contra a dengue ainda se encontram em processo de  aprimoramento  (MANSSO et al.,2022).

Alterações hemorrágicas como hemoconcentração, leucopenia e plaquetopenia direcionam intervenções terapêuticas, fazendo com que os parâmetros hematológicos se tornem mandatórios no diagnóstico e manejo farmacológico e não farmacológico desta arbovirose. Nos casos graves de dengue, as principais alterações hematológicas evidenciadas são trombocitopenia, variação dos índices do hematócrito, aumento do tempo de protrombina e tempo de tromboplastina parcial e leucopenia. A infecção grave se apresenta com um perfil fisiopatológico atípico que culmina no aumento da permeabilidade e manifestações hemorrágicas associadas à trombocitopenia concomitante ao aumento do hematócrito, leucopenia ou leucocitose no início da infecção acompanhada de linfocitose com células atípicas podendo existir também neutropenia. É válido ressaltar que manifestações diferentes podem acontecer em pacientes com perfis distintos e todos os critérios devem ser analisados no momento do diagnóstico e estabelecimento da conduta terapêutica (PORTILHO.,2021)

 

 

É recomendado, para alívio dos sintomas como febre e dores o uso dos analgésicos e antipiréticos paracetamol e a dipirona tendo em vista o perfil de segurança desses medicamentos frente a existência das manifestações graves da doença. A administração liberal de fluido oral e o acompanhamento clínico-laboratorial se faz necessário em tais afecções. O manejo da dengue grave requer cuidados e atenção ao gerenciamento de fluidos e tratamento proativo de hemorragia, a reposição de fluidos endovenosos pode ser usada para prevenir o choque em pacientes infectados. Entretanto, é preciso um controle cuidadoso dos fluidos administrados, pois o paciente grave pode evoluir para óbito tanto por sobrecarga hídrica quanto por choque por sangramento. Em caso do nível de plaquetas cair para abaixo de 20.000 ou se houver sangramento significativo, a transfusão de plaquetas é recomendada, medicações hepatotóxicas devem ser evitados e quanto mais antivirais estiverem disponíveis mais proteção a terapia medicamentosa guiada pela clínica poderá oferecer  (MANSSO et al.,2022).

De fato, o medicamento mais utilizado para alívio dos sintomas é o Paracetamol. Ele é um dos analgésicos antipiréticos não narcóticos mais comumente usados e faz parte de muitas preparações patenteadas de venda livre.  Esse fármaco possui uma característica bem particular uma que, ao lado de sua excelente atividade analgésica e antipirética, que pode ser atribuída à inibição da síntese de prostaglandinas no SNC, tem atividade inflamatória muito discreta e não compartilha os efeitos gástricos ou plaquetários adversos dos outros AINEs. Por esta razão, às vezes não é classificado como AINE. Nesse viés, assim como a dipirona, ele possui pouca atividade inibitória pela enzima Ciclooxigenase-1 que é essencial para a produção de mediadores que atuam na agregação plaquetária. Porém, doses tóxicas causam hepatotoxicidade potencialmente fatal. Isto ocorre quando as reações normais de conjugação ficam saturadas e o fármaco é metabolizado por oxidases de função mista, causando destruição do tecido hepático e consequentemente insuficiência hepática (RANG et al.,2016).

Pacientes portadores da dengue podem ter lesões hepáticas a depender da duração e gravidade da doença, sendo esse sinal evidenciado por meio de testes bioquímicos de lesão hepática, principalmente, a aspartato aminotransferase (AST) e a alanina aminotransferase (ALT) que podem estar aumentadas mesmo em quadros assintomáticos. Por isso, se recomenda evitar o uso do paracetamol, mesmo em doses ótimas, em pacientes com infecção por dengue e comprometimento hepático, levando em consideração a alta incidência de hepatotoxicidade associada a esse medicamento. O problema se dá principalmente quando altas doses precisam ser administradas ou quando uma lesão já se encontra instalada, aumentando assim a morte das células do fígado. Nesse cenário existem algumas medidas alternativas que são recomendadas, e o controle da febre deve ser realizado conforme o quadro clínico do paciente.  Escolhe-se entre as opções de hidratação (oral ou venosa) e o uso dos medicamentos – dipirona, antieméticos (bromoprida e metoclopramida) e os antipruriginosos (loratadina e dexclorfeniramina) (PINHEIRO ., 2023).

Sendo assim, fica evidente que a dengue é uma doença de grande relevância, sendo capaz de levar os indivíduos a insuficiência orgânica e óbito. Nesse viés, é preciso que mais pesquisas sejam feitas visando descobertas sobre a prevenção da doença e controle dos sintomas. Na literatura estão presentes várias medidas e medicações que podem ser usadas nessa situação, no entanto, conclui-se que o diagnóstico correto em tempo oportuno, o monitoramento clínico-laboratorial e o tratamento guiado pela evidência científica deve ser feito com cautela e orientado por profissionais cientes das manifestações individuais e recursos disponíveis para o tratamento. A prevenção através do combate ao vetor, uso de repelentes, práticas alternativas à saúde e a imunização através da vacinação são importantes estratégias traçadas para a profilaxia dessa infecção reemergente e que urge por mais conhecimento sobre seu manejo clínico.

 

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES À SAÚDE NA PREVENÇÃO, CONTROLE E TRATAMENTO DAS ARBOVIROSES EPIDÊMICAS NO BRASIL

By Gestão de Saúde No Comments

 As arboviroses são doenças causadas por arbovírus, ou seja, vírus que são transmitidos por artrópodes onde parte de seu ciclo reprodutivo acontece. Levando em consideração o território brasileiro, três arboviroses se tornam epidêmicas e são vistas como um problema de saúde pública levando em conta o crescimento no número de casos hodiernamente, são elas a Dengue, Zika e a Chikungunya transmitidas ao homem principalmente pela picada do mosquito fêmea do Aedes aegypti. Nesse viés, é válido ressaltar que alguns fatores como o aumento populacional, a urbanização não planejada, as variações climáticas e destruição de biomas são alguns dos diversos fatores que explicam o crescimento da expansão geográfica dos vetores nas áreas tropicais e subtropicais e consequentemente da transmissão dessas doenças (SOUZA et al., 2023). De  acordo  com  dados  colhidos  pelo boletim  epidemiológico das  arboviroses  de  2020  a  2022, foram  registrados  cerca  de  2.897.750  de  casos prováveis  de duengue, 501.447 casos prováveis de chikungunya e 48.751 casos prováveis de zika, o que equivale em termos numéricos a 3.447.948 casos prováveis dessas três arboviroses registrados nesses últimos anos pelo Sistema  de  Informação de Agravos de  Notificação, em 2023 (SANTOS et al., 2023).

 

   As manifestações clínicas das arboviroses são similares e variam de uma febre indiferenciada até síndromes neurológicas e hemorrágicas, sendo que os casos mais graves muitas vezes são reconhecidos somente após uma grande infestação dessas enfermidades. Nesse cenário, a ineficácia dos métodos diagnósticos e terapêuticos que se restringe ao tratamento das manifestações clínicas e a deficiência de informações epidemiológicas das arboviroses  se configuram como um fator agravante que muitas das vezes contribuem para o agravamento das manifestações clínicas e para o surgimento de óbitos. As epidemias destas doenças são caracterizadas sobretudo pela variação do perfil epidemiológico da população afetada, da emergência e reemergência dos sorotipos circulantes, do aumento dos casos graves e do número de óbitos muitas vezes em decorrência de diagnósticos tardios ou equivocados e de métodos assistenciais deficiêntes  (SOUZA et al., 2023).

   É válido ressaltar que as arboviroses podem ser transmitidas de forma vertical, transfusional e principalmente vetorial no ciclo humano-vetor-humano, sendo que alguns estudos apontam para a transmissão da febre zika através do contato sexual. Em relação à dengue, a arbovirose urbana de maior impacto epidêmico, as manifestações clínicas vão desde febre, cefaleia, artralgia e mal-estar até hemorragia, choque, óbitos e sintomas atípicos como encefalite, encefalopatia, miocardite e hepatite fulminante. Já na Chikungunya os principais achados são febres>39 graus, erupções cutâneas, poliartralgias, cefaléia, mialgia, fadiga, náuseas, vômitos e óbitos. A Zika se manifesta através de sinais e sintomas brandos e autolimitados como febre baixa, erupções cutâneas, fadiga, cefaléia, conjuntivite ou pode resultar em efeitos mais graves como infecção neonatal, microcefalia, meningite, meningoencefalite e Síndrome de Guillain barré. a. A similaridade de sintomas que há entre as arboviroses, compromete o diagnóstico clínico, por isso, o diagnóstico preciso e confiável, realizado por meio de testes moleculares figura-se de grande relevância para a vigilância epidemiológica  (SOUZA et al., 2023).

    Nesse contexto, é  de grande sutileza elucidar o papel das Práticas Integrativas e Complementares à saúde na prevenção, controle e tratamento das Arboviroses. Essas práticas representam a medicina tradicional e são complementares à medicina convencional, e no brasil, são orientadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), publicada no ano de 2006 e são ofertadas pelo Sistema Único de Saúde. As PICs são práticas humanizadas e que garantem o cuidado holístico do ser humano, se fazendo presentes em diferentes topologias, culturas, classes sociais e níveis de atenção à saúde (SOUZA et al., 2022). Tratam-se de ações que consideram a subjetividade de cada usuário na perspectiva da interdisciplinaridade por meio da aplicação do conhecimento tradicional no cuidado integral tendo em vista o controle e a participação social nas estratégias envolvendo o manejo dos processos de saúde e doença (ALVES, 2019).

    Dentre as PICS regulamentadas e ofertadas através do SUS, destaca-se a fitoterapia como um recurso no controle e tratamento das manifestações clínicas das arboviroses. É válido lembrar que os fitoterápicos são diferentes das plantas medicinais visto que estes requerem técnicas específicas desde seu plantio até sua administração. O emprego das plantas para tratar sintomas como dores, tosse e inflamações e para cuidados com a pele é bastante comum. Seus usos como analgésicos e antitérmicos remetem diretamente aos sintomas das arboviroses, incluindo-se as indicadas como relaxantes musculares. No entanto, efeitos adversos podem surgir diante do uso indevido dessa prática, como é o exemplo do guaco (Mikania glomerata) que pode causar em hemorragia e arritmias cardíacas, agravando potencialmente os efeitos dessas enfermidades. Nesse viés, fica evidente a importância do conhecimento e uso correto da fitoterapia (SOUZA et al., 2022).

   Outrossim, algumas pesquisas afirmam o uso de fitoterápicos como repelentes ingeridos na forma de chás ou usados durante banhos como é o caso da  infusão de cana brejeira (Costus sp.) é utilizada na forma de banho para o alívio de prurido presente na  chikungunya. Para repelir o mosquito Aedes aegypti, seja no ambiente ou com uso tópico, a citronela (Cymbopogon winterianum) e o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) diluídos em álcool, separadamente ou em combinações variadas e dentre outras. Essas plantas são consideradas ótimas estratégias quando comparadas com repelentes sintéticos visto que além de funcionarem como bio repelentes elas controlam o crescimento vetorial sem trazer danos ao meio ambiente. As arboviroses requerem a descoberta de novos agentes de baixo custo que possam controlar as larvas do mosquito sem produzir qualquer resistência cruzada, nesse sentido cabe ressaltar também o uso de alguns óleos essenciais usados como repelentes do mosquito Aedes aegypti dentre outros  (SOUZA et al., 2022).

  Ademais, Pesquisas recentes mostram que PICS como acupuntura, meditação, tai chi, qigong, yoga e massagem são efetivas para o tratamento de dor lombar, fibromialgia e outras dores de origem osteomuscular, incluindo-se aquelas adquiridas após as arboviroses dengue, zika e chikungunya. No entanto, a auriculoterapia e automassagem são utilizadas com maior frequência no manejo de cefaléias, artralgias e mialgias. Ademais, a auriculoterapia tem raízes na medicina tradicional chinesa e se baseia em estímulos aplicados em pontos específicos do pavilhão auricular traçados em forma de microssistema oferecendo efeitos físicos e psíquicos. Estudos apontam que a utilização dessa prática acarreta na diminuição das dores articulares e no uso de medicamentos convencionais, além de aumentar de forma proeminente a qualidade de vida dos pacientes infectados pelos arbovírus  (SOUZA et al., 2022). 

  A automassagem consiste em um processo onde o próprio paciente toca seu corpo com pressões diferentes com o intuito de melhorar seus processos fisiológicos, promovendo relaxamento muscular, conforto físico e psíquico através do autocuidado holístico. A partir disso, essa prática é utilizada para o alívio das dores e tensões musculares presentes em algumas das arboviroses, principalmente a chikungunya. As PICS são seguras, e algumas delas possuem resultados superiores a determinados analgésicos e anti-inflamatórios para o controle das dores musculares, inclusive aquelas provocadas pelas arboviroses (SOUZA et al., 2022). Entretanto, a oferta das PICs no manejo das arboviroses e outras enfermidades não é uma realidade para todas as pessoas e medidas para sua efetiva distribuição precisam ser levadas em consideração. É evidente a importância que essas práticas possuem frente às questões supracitadas, visto isso, estabelecer uma relação direta das PICs com o tratamento da dengue, da zika e da chikungunya é uma proposta que pode contribuir para a realização de novos estudos, fomento à produção científica e incorporação de novas tecnologias (ALVES, 2019). Conclui-se dessa forma a importância da ampliação de pesquisas em relação às arboviroses epidêmicas no Brasil com o objetivo de ampliar as informações epidemiológicas, o métodos diagnóstico e de tratamento e a utilização e disponibilização das PICS no manejo de tais afecções.

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

Referências:

Sousa, S.S.d.S.; Cruz, A.C.R.; Oliveira, R.d.S.; Pinheiro, V.C.S. Características clínicas e epidemiológicas das arboviroses epidêmicas no Brasil: Dengue, Chikungunya e Zika. 2023, 23, e13518–e13518, https://doi.org/10.25248/reas.e13518.2023.

 

SANTOS, L. H. O. .; SILVA, R. R. de S. Analysis of the epidemiological profile of arboviruses (dengue, zika and chikungunya) from 2020-2022 in Brazil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 9, p. e6912943229, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i9.43229. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/43229. Acesso em: 30 dec. 2023.

 

ALVES, João Armando. Práticas integrativas e complementares em saúde na prevenção, controle e tratamento das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya: uma sistematização qualitativa, Brasil 2019. 2020.

 

DE SOUZA, Silvia Ribeiro; ALVES, João Armando. COMO AS PICS PODEM ATUAR SOBRE AS ARBOVIROSES DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA?. Esta obra é licenciada nos termos Creative Commons sob a licença: Atribuição-Sem Derivações-Sem Derivados-CC BY-NC-ND, sendo todos os direitos reservados. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua totalidade, desde que citada a fonte., p. 5, 2022.

Qdenga chega ao SUS em 2024: Brasil é o primeiro país a aplicar vacina contra a Dengue gratuitamente.

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Por Laís Felício

Na última quinta-feira (21/12/2023), o Ministério da Saúde do Brasil anunciou um marco para a saúde pública, sendo o Brasil o primeiro país do mundo a incorporar a vacina Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS), um sistema público e universal. A Qdenga, desenvolvida pela Takeda, é um imunizante contra a dengue que será inicialmente disponibilizado de forma limitada, devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pelo fabricante. A decisão de incorporar a vacina ao SUS veio da Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec) que recomendou a inclusão da Qdenga, considerando a relação custo-benefício e a importância do acesso apropriado da população à imunização. Além disso, a Qdenga já havia sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março deste ano para ser registrada como um novo imunizante contra a dengue. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia a vacina Qdenga é um imunizante tetravalente, de vírus vivo atenuado, que deve ser administrado em 2 doses com intervalo de 3 meses entre as doses, independentemente do histórico de infecção. A Qdenga é indicada para pessoas de 4 a 60 anos de idade, mas por ser de vírus vivo atenuado a vacina não é recomendada para gestantes, mulheres durante a amamentação, imunodeficientes e pessoas com hipersensibilidade à primeira dose.  A Ministra da Saúde Nísia Trindade relatou: “Seremos pioneiros ao oferecer acesso público a essa vacina como parte do SUS. Até o início do próximo ano, definiremos os grupos prioritários, considerando a limitação da Takeda em relação ao número de doses disponíveis.”

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), juntamente com a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), agora irão desenvolver as estratégias de distribuição das doses disponíveis, estabelecendo os grupos prioritários para a vacinação e identificando as áreas com maior prevalência da dengue para a aplicação das doses. A previsão é que a Takeda forneça 5.082 milhões de doses em 2024, distribuídas entre fevereiro e novembro. Segundo o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação e do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (SECTICS),  a incorporação da Qdenga reafirma o compromisso com a saúde da população. Além disso, de acordo com o Ministério da Saúde houve uma redução de 44% do preço por dose, que passou de R$ 170,00 para R$ 95,00, sendo que o valor economizado é destinado a saúde pública.

Essa implementação no SUS veio em resposta aos índices expressivos de dengue em 2022 e a presença simultânea dos quatro sorotipos do vírus em 2023. Com isso, houve um aumento do investimento em ações preventivas, que já teve como resultado a inauguração da Sala Nacional de Arboviroses (SNA) para um monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e Zika, e agora a incorporação da Qdenga ao Sistema Único de Saúde.

Promovendo saúde: Estratégias Cruciais na Prevenção do HIV/AIDS e do Câncer de Pele

By Gestão de Saúde No Comments

O mês de dezembro é marcado como o mês de conscientização sobre HIV/AIDS (dezembro vermelho) e sobre o câncer de pele (dezembro laranja).

 

O Dezembro Vermelho é uma campanha nacional, instituída pela lei nº 13.504/2017, que visa a conscientização, prevenção e proteção de direitos relacionados ao HIV, AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). A AIDS é uma condição causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que ataca o sistema imunológico principalmente os linfócitos T CD4+, responsáveis por proteger o corpo humano de doenças (RACHID; SCHECHTER, 2017).

A transmissão do HIV ocorre por meio de atividades que envolvem contato direto com fluidos corporais infectados, como sangue, secreções sexuais e leite materno. Isso inclui relações sexuais desprotegidas (vaginal, anal e oral), compartilhamento de agulhas, transfusão de sangue contaminado e transmissão vertical da mãe para o filho durante a gravidez, parto ou amamentação. Também pode ocorrer por meio de perfuro cortantes não esterilizados, como alicates (BRASIL, 2023).

É fundamental desmistificar informações incorretas sobre a transmissão do HIV, esclarecendo que uma pessoa NÃO se infecta através de atividades cotidianas ou contato casual, como sexo protegido com uso correto de preservativo, masturbação compartilhada, beijos no rosto ou boca, suor, lágrimas, picadas de insetos, aperto de mão, uso compartilhado de sabonetes, toalhas, lençóis, talheres, copos, assentos de ônibus, piscinas, banheiros, doação de sangue ou pelo ar (BRASIL, 2023).

Para prevenção do HIV/AIDS, é essencial o uso de preservativos em todas as formas de relação sexual, seguir medidas de prevenção como esterilização de perfuro constantes reutilizáveis, realizar exames diagnósticos e tratamento de outras ISTs. Destaca-se que as pessoas com HIV têm direito ao tratamento imediato com medicamentos antirretrovirais, que ajudam a controlar o vírus e proteger o sistema imunológico. Além disso, a prevenção combinada inclui testagem para IST, profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização, redução de danos e outras estratégias para garantir a saúde pública (UNIFAP, 2021).

O Dezembro Laranja é uma campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia focada na prevenção do câncer de pele, o tipo mais comum no Brasil.  Um dos principais fatores de risco é a exposição solar sem proteção que pode levar ao desenvolvimento do câncer de pele. As medidas preventivas incluem evitar a exposição excessiva ao sol, especialmente durante o horário mais intenso de 9 às 15 horas, e o uso diário de protetor solar (UNIFAP, 2021).

Como mencionado anteriormente, a exposição prolongada e repetida ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, além disso o risco é maior entre as pessoas que possuem pele clara, olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas, que possuem histórico ou histórico familiar de câncer de pele e que possuem muitas pintas pelo corpo. Porém esses fatores não descartam os cuidados que as pessoas de pele negra também precisam tomar, mesmo que a incidência desse tipo de câncer seja menor (BRASIL, 2023).

É essencial se atentar para os sintomas do câncer de pele e buscar um dermatologista em caso de surgimento de manchas que coçam, descamam ou que sangram, sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor e/ou ainda feridas que não cicatrizam em 4 semanas (BRASIL, 2023). É possível realizar no site da Sociedade Brasileira de Dermatologia um teste do risco para esse tipo de câncer preenchendo um simples questionário (questionário de risco para câncer de pele ), de forma a alertar os usuários quanto aos cuidados necessários.

Por fim, destaca-se a relevância dessas campanhas para a saúde da população, trabalhando para a prevenção tanto do HIV/AIDS quanto do câncer de pele, tendo em vista que ambos apresentam um alto número de incidência em nosso país.

 

Texto escrito por: Laís Ferreira Felício, pesquisadora bolsista da MedYes e graduanda em Enfermagem pela Universidade Federal de Viçosa.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Aids/HIV: transmissão da Aids/HIV. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aids-hiv/transmissao-da-aids-hiv< /span>. Acesso em: 15 dez. 2023

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Dezembro Laranja: prevenção e detecção precoce do câncer de pele. 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/prevencao-ao-cancer/dezembro-laranja-prevencao-e-deteccao-precoce-do-cancer-de-pele. Acesso em: 15 dez. 2023.

 

RACHID, Marcia; SCHECHTER, Mauro. Manual de HIV/aids. Thieme Revinter Publicações LTDA, 2017.

 

UNIFAP. Rádio e TV Universitária. Conheça as campanhas de saúde do mês de dezembro. 2021. Disponível em: https://www2.unifap.br/radio/conheca-as-campanhas-de-saude-do-mes-de-dezembro/ . Acesso em: 15 dez. 2023.

Sistematização da Assistência de Enfermagem no Home Care

By Home Care No Comments

O home care ou atendimento domiciliar (AD) é uma modalidade de cuidado em saúde em expansão, alternativo à internação hospitalar. Reconhecido como propício para um cuidado inovador e centrado nas necessidades do usuário, o AD exige atenção profissional. O enfermeiro desempenha um papel fundamental nesse contexto, destacando-se na gestão dos serviços, na cooperação do plano de cuidados no domicílio e na criação de vínculos com usuários e familiares (ANDRADE et al., 2016).

A Resolução COFEN nº 0464/2014 que normatiza a atuação da equipe de enfermagem na AD define a atenção domiciliar como ações no domicílio que garantem a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento de doenças, reabilitação e cuidados paliativos. A norma inclui modalidades como Atendimento Domiciliar, Internação Domiciliar e Visita Domiciliar. E apresenta as atribuições do Enfermeiro ressaltando que este é responsável por dimensionar a equipe, planejar, organizar, coordenar, supervisionar e avaliar a assistência, além de atuar na capacitação da equipe. Segundo esta resolução a atenção domiciliar deve seguir a Sistematização da Assistência de Enfermagem, realizando sempre o registro de todas as etapas desta em prontuário.

Para entendermos sobre o papel da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no Home Care é preciso primeiro conceituar a SAE  e o Processo de Enfermagem (PE). A SAE é uma metodologia científica utilizada por enfermeiros para planejar, implementar e avaliar a assistência de enfermagem de forma organizada e sistematizada, ou seja, a SAE permite a execução do Processo de Enfermagem (SOUZA et al., 2020). O PE é o modo sistemático que orienta o cuidado e documenta os resultados obtidos através das intervenções (GARCIA, NÓBREGA, 2009). A Resolução COFEN-358/2009 estabelece as cinco etapas inter-relacionadas e recorrentes do Processo de Enfermagem: Coleta de Dados de Enfermagem,Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento de Enfermagem Implementação, e a Avaliação de Enfermagem A resolução destaca que o PE demanda um suporte teórico para orientar sua implementação, desde a recolha de dados até à avaliação dos resultados.

A SAE é reconhecida como um modelo de qualidade e um meio de alcançar o reconhecimento profissional além de permitir a gestão dinâmica, flexível e científica do processo de enfermagem, a aplicação do conhecimento teórico e uma maior proximidade entre o paciente e a equipe de enfermagem. A SAE padroniza o atendimento, garantindo uma assistência de qualidade e fornecendo dados confiáveis ​​para avaliação do cliente. A implementação da SAE, valoriza o papel do enfermeiro, trazendo a este mais autonomia, melhora o atendimento ao cliente e eleva a qualidade da assistência de forma geral (COSTA, 2012).

Segundo o manual de orientações para os profissionais de enfermagem de home care do Coren-DF, o uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem, seguindo as etapas da Resolução COFEN nº 358/2009, é fundamental para garantir a qualidade e a eficácia dos cuidados prestados em domicílio, ressalta ainda a importância dos registros das informações do atendimento domiciliar no prontuário do paciente.

 

Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES;

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE AM et al. Nursing practice in home care: an integrative literature review. Rev Bras Enferm [Internet]. 2017;70(1):199-208. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0214. Acesso em: 27 out. 2023.

 

Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 0464/2014. Normatiza a Atuação da Equipe de Enfermagem na Atenção Domiciliar. Brasília, DF, 03 de novembro de 2014. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-04642014/ . Acesso em: 29 out. 2023.

 

Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorra o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras exceções. Brasília, DF, 15 de outubro de 2009. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009/. Acesso em: 28 out. 2023.

 

COSTA, AM (2012). Importância da implementação da assistência de enfermagem (SAE): uma abordagem bibliográfica: 2000-2012. Santa Maria, RS, Brasil. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/1459/Costa_Adonai_Mejia.pdf?sequence=1#:~:text=A%20implementa%C3%A7%C3%A3o%20da%20SAE%20surge,como%20ci%C3%AAncia%20de%20cuidado%2C%20d%C3%A1. Acesso em: 01 nov. 2023.

 

GARCIA, TR; NÓBREGA, MML (2009). Processo de Enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm, 13(1), 188-193. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ean/a/t5CHQNJfHx9Y84VVR59Zsmc/?lang=pt&format=pdf . Acesso em: 01 out. 2023.

 

SOUZA, GB de, et al. Sistematização da assistência de enfermagem e processo de enfermagem: conhecimento de graduandos / Do cuidado de enfermagem e do processo de enfermagem: conhecimentos de graduação. Revista Brasileira de Revisão de Saúde, 3 (1), 1250–1271. https://doi.org/10.34119/bjhrv3n1-097. Acesso em: 28 out. 2023.

Idoso com fratura

Prevenção de lesão por pressão em ambiente domiciliar e seus fatores de risco

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De acordo com o estabelecido pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel a Lesão por Pressão (LPP) caracteriza-se por ser um dano tecidual localizado na pele e/ou tecidos subjacentes, a qual, geralmente, está situada sobre proeminência óssea, sendo resultado da pressão ou de uma combinação entre esta, e forças de torção, fricção e cisalhamento. Os fatores para o seu desenvolvimento são diversos, podendo ser intrínsecos como a idade do paciente, desnutrição e baixa pressão arterial, e extrínsecos como pressão, tração, cisalhamento e umidade. Nesse viés, a incidência dessa adversidade se configura como um problema de saúde pública levando em consideração os números e o aumento da morbimortalidade mundial, sendo um indicativo negativo da assistência à saúde (MENA et al., 2020).

Em ambiente domiciliar a chance de ocorrência das LPP é maior uma vez que a grande parte dos pacientes domiciliares são idosos e apresentam imobilidade, além de serem assistidos na maioria das vezes por seus familiares e cuidadores que geralmente não possuem conhecimentos sobre a profilaxia e o manejo de tal evento adverso ou possuem medo de realizar alguns procedimentos de prevenção, como é o caso da alternância de decúbito de pacientes em uso de dispositivos médicos. A idade é considerada um fator de risco para seu desenvolvimento devido a fragilidade da pele e à diminuição da mobilidade. Outros fatores como o tabagismo, álcool, perda da função sensorial e cognitiva, elasticidade e turgor da pele diminuídos, baixa perfusão tecidual, temperatura corporal e morbidades relacionadas ao sistema cardiovascular, neurológico, endócrino e muscular podem aumentar os riscos de surgimento das lesões por pressão (MENA et al., 2020).

 

FATORES QUE IMPEDEM A PREVENÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Alguns fatores são considerados barreiras para a prevenção dessas feridas, como a sobrecarga dos cuidadores, baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade/conhecimentos e educação em saúde deficiente. Nessa perspectiva, para a eficácia profilática se efetivar é preciso envolver o paciente e o familiar no cuidado, levando em consideração o documento Pressure Injury Prevention Points, publicado pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel que separa a prevenção em cinco dimensões: Avaliação de risco, cuidado com a pele, nutrição, educação e reposicionamento/mobilização. A educação em saúde é de extrema importância para a instrumentalização da família e do paciente orientando-os sobre a utilização de tecnologias importantes na prevenção, sendo a enfermagem uma grande protagonista nesse processo, podendo ofertar informações até mesmo por meio de tecnologias digitais. Ademais, a inspeção diária da pele tem como objetivo identificar precocemente áreas avermelhadas, com alteração na temperatura e da consistência assim como as regiões de proeminências ósseas que não devem estar sob pressão, fricção e cisalhamento que podem provocar a oclusão vascular e dano tecidual em tal topografia. Assim, é importante o controle de umidade, a limpeza adequada e a manutenção da hidratação da pele do paciente (MENA et al., 2020).

Dentre as estratégias de prevenção, destaca-se também o uso de colchões especiais de redistribuição de pressão, o uso de almofadas em regiões de saliência óssea e em locais estratégicos que promovam alívio das forças da gravidade e evite lesões de posicionamento como é o caso da lesão no tendão de dorsiflexão do pé, além da hidratação corporal e o controle nutricional do paciente através de consultas com a equipe de nutricionistas. Vale ressaltar que a alternância de decúbito é fundamental sendo recomendado o tempo máximo de permanência em um mesmo decúbito de 2 horas aliado ao uso de coberturas como a espuma de poliuretano na profilaxia de feridas (MENA et al.,2020). Dado tais afirmações, é necessário evidenciar que a população mundial está passando por uma inversão na pirâmide etária se tornando cada vez mais predominante a população idosa. Nesse viés, urge que ações voltas para esse grupo assumam posição de prioridade e prevalência sendo ofertadas por meio da Atenção Domiciliar (AD) garantindo a continuidade do cuidado por meio de ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento e reabilitação, por meio de visita domiciliar e consulta dos profissionais integrantes da equipe (VANDERLEY et al., 2021).

Destaca-se que o surgimento da AD se relaciona à dificuldade de acesso aos outros sistemas de saúde, sendo esta importante na redução dos riscos de desenvolvimento de LPP por parte de pacientes restritos ao domicílio e principalmente com mobilidade prejudicada no leito. Dessa forma, a utilização de escalas de profilaxia é de extrema importância no desenvolvimento de tal ação, destacando-se a Escala de Braden que avalia os aspectos de percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição, fricção e cisalhamento. Destaca-se que são escassos os estudos que abordam a temática de LPP em pacientes atendidos em domicílio, denotando a necessidade de expansão nas pesquisas acerca deste assunto, a fim de trazer subsídios para propostas de intervenções eficazes no combate ao desenvolvimento das referidas lesões por meio de sugestão de estratégias de prevenção que é essencial para o funcionamento dos atendimentos domiciliares (VANDERLEY et al., 2021).

PREVENÇÃO NO AMBIENTE DOMICILIAR 

É válido evidenciar que os pacientes domiciliares e principalmente os idosos são vítimas da Síndrome da imobilidade caracterizada como um complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares e, por conseguinte, da incapacidade da mudança postural, tendo como uma das principais consequências o surgimento de LPP. Postula-se que as medidas de prevenção, como o uso de coberturas e manutenção da integridade epitelial, são simples e passíveis de serem realizadas pelos cuidadores e familiares em contexto de home care desde que a educação em saúde seja bem empregada (SANTOS et al., 2020).

Conclui-se, portanto, que as LPP se configuram hodiernamente como um problema de saúde pública mundial cada vez maior e proporcional à quantidade de pacientes em contexto domiciliar e ao envelhecimento da população. A partir disso, é preciso que os profissionais de saúde, e principalmente a enfermagem, se atente para a educação em saúde de cuidadores, familiares e pacientes. Dessa forma, medidas pautadas em evidências científicas serão priorizadas e empregas em consultas e ou cuidados de home care proporcionando uma série de benefícios para os pacientes restritos ao domicílio, diminuição das morbimortalidades e melhoria dos indicadores de saúde no mundo.

 

 

 

Escrito por: João Victor da Silva Santos – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES.

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Doutora em Ciências da Saúde, docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

 

Câncer de Mama: É possível prevenir?

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O câncer de mama, embora também ocorra no sexo masculino, é mais prevalente na população feminina. Segundo o Instituto Nacional do Câncer para o triênio de 2023 a 2025, estima-se 73.610 casos de câncer de mama, sendo o mais incidente no país depois do câncer de pele não melanoma. Tendo em vista essa alta prevalência é importante pensar na seguinte questão: é possível prevenir o câncer de mama?

Estudos referem a possibilidade de prevenção de alguns tipos dos cânceres, pois cerca de 80 a 90% destes estão associados a hábitos de vida e outros fatores modificáveis (TAPETY et al., 2013). Na área da saúde, é comum a realização de estudos para identificar fatores de risco, distinguindo entre aqueles que podem ser modificados e aqueles que não podem.

Com relação ao câncer de mama diversos estudos já foram realizados neste sentido, sendo encontrados como principais fatores de risco não modificáveis se do sexo feminino, a idade, menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade ou paridade tardia, história familiar e alteração dos genes BRCA1 e BRCA2 (DIAS; FLOTÉ; VALEJO, 2021).

Por outro lado como fatores modificáveis temos:

  • Consumo de álcool: o consumo excessivo de álcool está associado a um maior risco de câncer de mama, uma vez que o uso regular de álcool acima de 60 gramas por dia, gera como produto metabólico o acetaldeído que é carcinogênico, mutagênico, estimulador da produção de estrogênio e imunodepressor (SILVA; RIUL, 2012).
  • Obesidade: Estar acima do peso ou obeso aumenta o risco de câncer de mama de 1,5 a 3,5 vezes, principalmente após a menopausa, tendo em vista que o tecido adiposo secreta proteínas pró-carcinogênicas (NOGUEIRA et al., 2020).
  • Sedentarismo: A falta de atividade física regular está relacionada ao risco aumentado de câncer de mama. Estudos mostram que mulheres que praticam atividade física têm o risco para o câncer de mama reduzido de 20% a 40% (MUNHOZ et al., 2016).
  • Dieta inadequada: Uma dieta rica em alimentos ultra processados, gorduras saturadas e pobre em frutas, vegetais e fibras pode aumentar o risco para o câncer de mama. Principalmente alimentos ultraprocessados como como por exemplo, salsicha e outros que em sua composição apresenta óleos, gorduras, proteínas, amido modificado, aromatizantes e realçadores de sabores, vários aditivos usados durante a preparação, podem levar a mutações no material genético, ou seja, tornarem-se carcinogênicos (JESUS; FERREIRA; SILVA; 2022).
  • Uso de anticoncepcionais orais e terapias de reposição hormonal: Esses medicamentos podem ter associação com um maior risco principalmente para aqueles que associam estrogênio + progesterona, e seu uso deve ser discutido com um profissional de saúde e demanda mais pesquisas envolvendo seus efeitos carcinogênicos (WEBER et al., 2022).

Portanto, cabe ressaltar a importância de atuar sobre estes fatores modificáveis mantendo uma alimentação saudável com consumo de vegetais, legumes e frutas, realizando atividade física regularmente, reduzindo o consumo de álcool e ultra processados, realizando prevenção ou tratamento da obesidade e por fim garantindo o acompanhamento médico em casos de  uso de terapias hormonais.

 

 

Escrito por: Laís Ferreira Felício – Discente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e integrante da equipe de pesquisadores da MEDYES;

Revisado por: Flávia Barbosa Batista de Sá Diaz – Docente do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa e orientadora da equipe de pesquisadores da MEDYES.

 

REFERÊNCIAS:

NOGUEIRA, TR; ARAÚJO, CGB de; CALDAS, RDC; MACIEL, EM e; SILVA, M. da CM; RODRIGUES, GP Obesidade e Cancro da Mama: Algumas evidências científicas e formas de interação. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, [S. l.] , v. 4, pág. e84942675, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i4.2675. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/2675. Acesso em: 5 out. 2023.

 

DIAS, Caroline Ribeiro; FLOTÉ, Laryssa Marina; VALEJO, Fernando Antonio Mourão. OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE NEOPLASIA MALIGNA DE MAMA: revisão integrativa. Colloquium Vitae, [S.L.], v. 13, n. 3, p. 49-61, 27 jun. 2022. Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC). http://dx.doi.org/10.5747/cv.2021.v13.n3.v341.

 

WEBER, Julia Balthazar et al. Relação da Terapia de Reposição Hormonal com a incidência e mortalidade no Câncer de Mama: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Acervo Médico, [S.L.], v. 14, p. 1-9, 19 ago. 2022. Revista Eletrônica Acervo Saúde. http://dx.doi.org/10.25248/reamed.e10766.2022.

 

TAPETY, Fabrício Ibiapina et al. Risk factors associated with breast cancer patients in Teresina, Piauí, Brazil. Journal of Research Fundamental Care On Line, Piauí, p. 91-103, 1 dez. 2013. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/5057/505750944011.pdf. Acesso em: 4 out. 2023.

MUNHOZ, Mariane Pravato et al. Efeito do exercício físico e da nutrição na prevenção do câncer. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 2, pág. 09-16, Maio/Agosto, 2016. Disponível em: https://revaracatuba.odo.br/revista/2016/08/trabalho5.pdf . Acesso em: 5 out. 2023.

 

JESUS, Ana Caroline Silva de; FERREIRA, Karla Daniela; SILVA, Cleber Sipoli da. A influência dos fatores de risco nutricional no desenvolvimento do câncer de mama. Rev Liberum Accessum, v. 2, pág. 137-145, jun. 2022. Disponível em: file:///C:/Users/laisf/Downloads/171-668-1-PB.pdf . Acesso em: 5 out. 2023.

 

SILVA, Pamella Araújo da; RIUL, Sueli da Silva. Câncer de mama: fatores de risco e detecção precoce. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 6, pág. 1016-1021, nov-dez 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/TMQQbvwZ75LPkQy6KyRLLHx/?format=pdf&lang=pt . Acesso em: 5 out. 2023.